O preso que fez uma máscara na semana passada, à base de sabonete e
com as feições semelhantes ao rosto de um agente penitenciário, no
Presídio Padrão de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa,
começou a ministrar na manhã de ontem, a oficina ‘Arte e Cultura no
Presídio’. Micherlan Breno Cruz Dantas, 31 anos, será monitor de outros
dez detentos no curso de artes plásticas. A aula inaugural foi realizada
em uma das salas da unidade prisional.
Na ocasião, o apenado mostrou uma nova confecção, iniciada na última
quarta-feira. Desta vez, a máscara tem traços da fisionomia do titular
da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), Walber
Virgolino, que estava presente na aula inaugural da oficina. “Agora, ele
irá repassar aos demais apenas esse dom que ele desenvolveu dentro da
prisão. Isso mostra que a ressocialização é o único caminho capaz de
mudar a vida dos detentos e de todo o sistema penitenciário”, disse.
Segundo o diretor do Presídio Padrão de Santa Rita, Edmilson Alves de
Sousa, cerca de 20 detentos se interessaram em participar da oficina,
mas somente a metade foi inscrita, a fim de que lhes fosse dado maior
suporte e atenção durante o curso.
“Como critério de seleção, consideramos o próprio interesse do
apenado em trabalhar, interesse no material usado como matéria-prima e
comportamento”, afirmou.
O detento Alexandre Sobreira, 50 anos, que está detido há quatro
meses, por homicídio, disse que já é artesão desde pequeno e por isso
decidiu participar da oficina. “Quero me juntar para contribuir com a
arte. Quero passar a mensagem que é possível sobreviver sem depender do
crime e como já tenho domínio da arte da modelagem vou repassar o que
sei e também aprender com os demais”, declarou.
Valderlan Felipe da Silva, 21 anos, está preso por assalto há oito
meses e também demonstrou interesse pela oficina. “Eu já tinha dito a
ele (Micherlan) que queria aprender esse trabalho. Quero aproveitar a
oportunidade para aprender, fazer disso um trabalho profissional e
colocar em prática quando sair da prisão”, frisou.
Já Micherlan Dantas ressaltou que quer dar continuidade ao trabalho
de artesanato. “Foi um dom que Deus me deu, algo que começou por
brincadeira para agradar meu filho e acabou dando certo. Vou passar a
arte adiante, quero ser exemplo de superação para os outros presos e
mostrar que eles também podem se integrar à sociedade, fazendo por
merecer alcançar seus objetivos”, pontuou.
RELEMBRE O CASO
Agentes penitenciários realizaram uma revista no Presídio Padrão de
Santa Rita, na semana passada, e encontraram uma máscara confeccionada
com sabonete com características semelhantes às de um agente
penitenciário. Inicialmente, a Seap suspeitou que o objeto seria
utilizado em um plano de fuga, mas a hipótese foi descartada no mesmo
dia, quando se confirmou que a máscara se tratava de um trabalho
profissional em artesanato. Na ocasião, Micherlan disse que a máscara
foi feita para homenagear o agente penitenciário e para chamar atenção
da direção, a fim que de conseguir mais material para continuar
desenvolvendo a arte. O agente homenageado não quis se identificar.
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