OFICIAL DE JUSTIÇA DO TJAC COMANDA REDE TELEXFREE INVESTIGADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
Somente uma das redes do TelexFree criada no Acre
já possuiu mais de 40 mil divulgadores. E eles garantem: "a cada
denúncia, maior é o crescimento do negócio” que se espalhou pela
Espanha, Bolívia, Peru, Portugal e Suíça, somente através do grupo
conhecido como Titano, liderado pelo oficial de justiça do Poder
Judiciário, Shawk Lira.
Mesmo investigado pelos Ministérios Públicos dos
estados do Acre, Bahia, Espirito Santo, Mato Grosso e Pernambuco, a cada
dia o TelexFree cresce. O Acre proporcionalmente possui a rede que mais
se desenvolveu no Brasil, procurada desde vendedores ambulantes até
"figurões do governo, deputados, empresários, médicos, pessoas de todas
as classes”, disse Shawk que gravou entrevista para o ac24horas antes de
embarcar para o estado de São Paulo, onde realiza mais uma palestra
motivacional.
Shawk descartou a acusação de fraude através de
pirâmide financeira ou da sonegação de imposto. Disse que o segredo do
negócio é o marketing multinível e o caráter de oxigenação do sistema
BPF (Binário Produtivo Finito) adotado, que permite a renovação do
contrato a cada 365 dias.
"Ontem mesmo a empresa pagou R$ 19 milhões de impostos ao governo federal”, declarou.
O líder de uma das maiores redes do Acre também
revelou que vai pagar mais de R$ 110 mil de imposto de renda nas
declarações de dois "escritórios do TelexFree” que ele e a esposa
administram.
Mas segundo Shawk, embora exista a garantia de
dinheiro certo, cada membro precisa trabalhar para crescer na rede. Ele
descarta a possibilidade de ganho fácil, sem trabalhar, apenas pela
internet, em casa.
"O que se compra é um direito de publicidade da
empresa, quem não faz como pede o contrato, sofre punições e pode não
ganhar nada”, acrescentou.
Outras duas redes prospectam novos divulgadores
para a marca. Segundo ac24horas apurou, em Rondônia, um senador e um
grupo de empresários entraram no TelexFree com o investimento de R$ 300
mil. A adesão se deu através de uma rede liderada por empresário que
mantém negócios na cidade de Plácido de Castro.
Após as declarações do colunista Luiz Nassif, do
site Carta Capital, que repercutiu rapidamente pela rede mundial de
computadores durante todo o dia de ontem (12), a reação dos divulgadores
em Rio Branco – cidade considerada o "paraíso do TelexFree” – foi
imediata. Nassif afirmou que a Polícia Federal deverá deflagrar nos
próximos dias uma operação para desmontar o suposto esquema criminoso
que envolve a empresa Telexfree.
Outros divulgadores, considerados de menor
potencial, tuitaram e postaram no facebook vídeos e depoimentos em
defesa da empresa que tem sede no estado do Espírito Santo. Um deles
afirmou por telefone, que os maiores inimigos do negócio são os
banqueiros incomodados com a migração dos investidores.
"Em Cruzeiro do Sul é assustador o número de
pessoas que tiraram recursos da poupança para investirem no TelexFree,
isso tá incomodando”, garantiu um divulgador que pediu para não ter seu
nome revelado.
O acadêmico Josué Pacheco também aceitou gravar
entrevista. Ele confirmou os depósitos da TelexFree em pagamentos de
impostos e lamentou a campanha difamatória contra a empresa. Pacheco
garante que vive do negócio.
O pai de uma estudante do curso de medicina que
autorizou usar as suas iniciais, WEF, paga a faculdade e todas as
despesas dele e da filha na Bolívia, com dinheiro que recebe do
TelexFree. "Não quero outro negócio”, falou por telefone.
A promotora de Defesa do Consumidor do Ministério
Públco do Acre, Alessandra Marques está de férias. A promotora
substituta não gravou entrevista.
Autor:
Luis Nassif
Ontem à tarde, através de sua página no Facebook, a empresa TelexFree
deu ordem de debandada a seus divulgadores. Meia hora antes, em meu
Blog, publiquei um pequeno organograma, com vários sites que faziam
parte do esquema.
Foi o fim de cinco dias de luta surda, na qual meu Blog foi derrubado
dezenas de vezes pela quadrilha, para impedir de veicular detalhes da
denúncia.
À tardinha, a Secretaria Especial de Acompanhamento Econômico (SEAE)
do Ministério da Fazenda informou que estava aguardando apenas um
parecer da Procuradoria da Fazenda para acionar a Polícia Federal e o
Ministério Público.
***
Chega ao fim o mais atrevido golpe já perpetrado contra o consumidor
brasileiro. Durante um ano, o esquema TelexFree envolveu um milhão de
pessoas e movimentou mais de R$ 300 milhões através de uma versão online
do velho golpe da pirâmide.
***
O esquema surgiu inicialmente em 2009, montado pelo aventureiro
capixaba Carlos Wenzeler, através de um site denominado de Disk à
Vontade.
Para entrar no jogo, a pessoa tinha que pagar de US$ 200 a US$ 1.000
dólares. Depois, colocar publicidade em sites de Internet dos serviços
de VoIP (telefonia pela Internet) da TelexFree. Por cada publicidade
colocada, a pessoa receberia US$ 20.
Acontece que toda a remuneração dos primeiros da fila era bancada
pelos últimos que entravam – como em toda pirâmide, levando ao estouro
da boiada depois de algum tempo.
***
A versão inicial do golpe demorou um pouco a decolar devido à falta de confiabilidade na empresa.
Aí Wenzeler deu o segundo passo. Foi até os Estados Unidos, localizou
uma pequena empresa de VoIP e tornou-se sócio dela. A empresa tinha um
pequeno escritório virtual em um grande prédio de Massachusetts. No site
da TelexFree o prédio era apresentado como se fosse totalmente da
empresa. E o sócio norte-americano como se fosse um gênio do marketing.
A publicidade da TelexFree ganhou impulso quando passou a veicular
que a TelexFree americana era uma multinacional que existia desde 2002.
***
O passo seguinte foi arregimentar uma verdadeira quadrilha de
oportunistas, espalhada por todo o país. Essas sub-quadrilhas montaram
sites usando o nome da TelexFree na URL (o endereço da Internet). E
inundaram o Youtube com vídeos vendendo as maravilhas do enriquecimento
fácil.
***
Nos próximos dias a Polícia Federal entrará em cena, prendendo parte
da quadrilha. A grande questão que se levanta é o fato da quadrilha ter
agido por tanto tempo sem ser incomodada.
Os Procons do Acre e do Mato Grosso solicitaram informações à SEAE.
Houve dificuldade em qualificar a natureza do crime. Por outro lado, não
se sabia se a repressão deveria partir de Ministérios Públicos
estaduais ou do Federal; se da Polícia Civil dos estados ou da Polícia
Federal.
A cada dia que passava, mais consumidores eram prejudicados.
Pululavam depoimentos de pessoas que chegaram a vender a casa para
entrar no negócio.
***
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo daria toda ênfase à defesa do consumidor.
O primeiro passo é aparelhar o Estado de ferramentas legais para
coibir os velhos crimes que adquirem feição nova através de novas
tecnologias.
Enviado por luisnassif, ter, 12/03/2013
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