O site do Jornal O Globo destacou nesta quarta-feira (17), que grandes
empreiteiras contrataram os serviços de uma construtora de fachada
controlada pelo esquema do doleiro Alberto Youssef para supostamente
fiscalizar, fazer medições e outras ações em contratos com a Petrobras.
Entre as empresas que contrataram o empreendimento fantasma, está a Coesa Engenharia LTDA, integrante do Grupo OAS com sede na Bahia e filiais em vários estados do Brasil, que teria doado a bagatela de R$ 1 milhão ao PMDB, quantia essa que foi repassada pelo partido para a campanha do ex-governador José Maranhão ao Senado.
Veja abaixo a Doação do PMDB Nacional, doador originário Empresa Coesa e valor R$ 1.000.000,00
Entre as empresas que contrataram o empreendimento fantasma, está a Coesa Engenharia LTDA, integrante do Grupo OAS com sede na Bahia e filiais em vários estados do Brasil, que teria doado a bagatela de R$ 1 milhão ao PMDB, quantia essa que foi repassada pelo partido para a campanha do ex-governador José Maranhão ao Senado.
Veja abaixo a Doação do PMDB Nacional, doador originário Empresa Coesa e valor R$ 1.000.000,00
Segundo a publicação do jornal, a Coesa pagou R$ 650 mil para receber da
construtora que não tem funcionários "consultoria técnica para obras do
setor civil", e projetos para viabilizar a implantação de projetos no
interior paulista. O Consórcio Viário São Bernardo, composto por Coesa e
Concremat, pagou R$ 1 milhão para a mesma Rigidez por serviço de
consultoria.
Veja a matéria do Jornal O Globo na íntegra:
Grandes empreiteiras brasileiras contrataram os serviços de uma construtora de fachada controlada pelo esquema do doleiro Alberto Youssef para supostamente fiscalizar, fazer medições e outras ações em contratos com a Petrobras. Documentos apreendidos pela Polícia Federal no escritório da contadora Meire Poza mostram que a Empreiteira Rigidez, de Youssef, foi contratada mesmo sem ter know how para o serviço. Dados do Ministério do Trabalho atestam que a empresa nem sequer possui funcionários.
Deflagrada em março, a Operação Lava-Jato já tinha identificado o trânsito de recursos das empreiteiras e outros fornecedores da Petrobras por contas da MO Consultoria e da GFD Investimentos, também de Youssef. Somente em 30 de julho deste ano, porém, a PF recolheu no escritório da contadora provas de que mais empresas atuavam sob controle do doleiro, como a Rigidez. Consórcios liderados por Queiroz Galvão e Engevix; Coesa, subsidiária da OAS; e Sanko Sider, subcontratada pela Camargo Corrêa para obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, fizeram negócios com a construtora de fachada.
As obras da estatal passaram a ser alvo dos investigadores com a constatação da relação entre Youssef e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que está preso no Paraná e em processo de delação premiada no qual já citou políticos e grandes empresas como integrantes do esquema de desvios de recursos.
O Consórcio Ipojuca, formado por Queiroz Galvão e Iesa Oléo e Gás, tem um contrato de R$ 2,7 bilhões para obras da refinaria Abreu e Lima. O consórcio é um dos "clientes" da Rigidez. Notas fiscais encontradas no escritório da contadora mostram que o grupo repassou ao menos R$ 1,3 milhão para a Rigidez entre os meses de dezembro de 2010 e novembro de 2011 a título de "prestação de serviços de consultoria". A PF encontrou, ainda, um termo de distrato entre as duas empresas que menciona o encerramento de um acordo fixando um valor para pagamento de R$ 321 mil em dezembro de 2010. Esse termo diz que o acordo com a Rigidez se referia a um contrato do consórcio Ipojuca com a Petrobras.
No caso do Consórcio URC, liderado pela Engevix com a Niplan e NM, a vinculação com a Petrobras é direta. A empreiteira ligada a Youssef foi supostamente contratada para dar apoio ao grupo e coordenar a análise de documentações relativas ao contrato feito com a estatal para modernização da refinaria de Presidente Bernardes, em Cubatão (SO). A Rigidez recebeu R$ 4,8 milhões, o equivalente a 1% do contrato feito pela estatal com o consórcio das empreiteiras.
A correlação de repasses de recursos para a Rigidez com obras da Petrobras acontece também no caso da Sanko-Sider, construtora subcontratada pelo Consórcio CNCC (Camargo Corrêa e Cnec). A Sanko-Sider contratou a Rigidez em julho de 2011, por R$ 2,3 milhões, para "serviços específicos de consultoria técnica, visando a elaboração de pleito e reestudos e adequação do cronograma de entrega do contrato assinado com Consórcio Camargo Corrêa-CNEC (CNCC)". O consórcio foi formado para realizar obras da refinaria Abreu e Lima e tem um contrato de R$ 3,4 bilhões com a Petrobras, que, com aditivos, já chegou a R$ 3,8 bilhões. Nos documentos apreendidos pela PF, há uma nota fiscal emitida pela Rigidez que indica outro repasse de R$ 935 mil pela Sanko-Sider a título de consultoria.
A Coesa, do grupo OAS Empreendimentos, também repassou recursos para a Rigidez. Pagou R$ 650 mil para receber da construtora que não tem funcionários "consultoria técnica para obras do setor civil", e projetos para viabilizar a implantação de projetos no interior paulista. O Consórcio Viário São Bernardo, composto por Coesa e Concremat, pagou R$ 1 milhão para a mesma Rigidez por serviço de consultoria.
A Sanko Sider afirmou que a lisura de sua atividade será comprovada no processo. "A Sanko-Sider atua com reconhecida responsabilidade e ética há 18 anos nesse mercado e repudia veementemente qualquer afirmação, seja de quem for, que tente associá-la a atos e atividades com as quais não tem nenhuma relação". A Engevix não quis se manifestar. O consórcio Ipojuca e o grupo OAS não responderam aos questionamentos.
EMPRESA FORMADA POR LARANJAS
A Empreiteira Rigidez é uma empresa formada por laranjas. Andrea dos Anjos Bastião, de 40 anos, é uma das sócias. Moradora do bairro do Jaçanã, na zona norte de São Paulo, ela estudou até o segundo grau e teria recebido de Waldomiro de Oliveira a oferta de assinar como sócia da empresa. Recebia mesada em troca e os pagamentos teriam sido feitos até o começo desde ano, antes da Operação Lava Jato.
No endereço, um homem que se apresentou como marido dela afirmou que os pagamentos não passavam de mil reais por mês e que sua mulher só aceitou a proposta porque o barraco onde moravam ameaçava ser soterrado por um deslizamento de terra. Hoje, a casa de três pavimentos, inacabada, é de alvenaria. O endereço apontado como sendo a residência de outra sócia, Soraia Lima da Silva, inexiste.
No endereço da empreiteira, na Rua Dr.Rafael de Barros, o porteiro informa que Waldomiro Oliveira e Denisvaldo de Almeida mudaram-se do local há cerca de três anos. Em fevereiro passado, o oficial de Justiça que tentou citar os representantes da empresa voltou de mãos vazias. O endereço que aparece como residência de Almeida é uma sala num antigo prédio comercial no centro de São Paulo, que permanece fechada.
Waldomiro de Oliveira era um intermediário na contratação de laranjas para emprestar seus nomes a empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. Foi ele, por exemplo, que aproximou do doleiro dos irmãos Leonardo Meirelles e Leandro Meirelles, que se apresentam como donos da Labogen, a empresa do setor farmacêutico usada para fazer remessas ilegais para o exterior. Enquanto a Labogen era usada para enviar dinheiro para ilegalmente para fora, a Empreiteira Rigidez servia também para fazer pagamentos em dinheiro vivo no Brasil. A Rigidez apresenta em sua movimentação financeira diversos saques em espécie.
Empreiteiras citadas
- Mendes Júnior
- Grupo OAS
- Consórcio Ipojuca (Queiroz Galvão/Iesa)
- Consórcio URC (Engevix/Niplan/NM)
- Sanko Sider
Empresas controladas por Youssef
- MO Consultoria
- GFD Investimentos
- RCI Software
- Empreiteira Rigidez
- Marsans
Crimes sob investigação
Lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro, organização criminosa, formação de quadrilha, evasão de divisas e ocultação de provas
Petrobras
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, tinha "negócios" com Alberto Youssef.
Veja a matéria do Jornal O Globo na íntegra:
Grandes empreiteiras brasileiras contrataram os serviços de uma construtora de fachada controlada pelo esquema do doleiro Alberto Youssef para supostamente fiscalizar, fazer medições e outras ações em contratos com a Petrobras. Documentos apreendidos pela Polícia Federal no escritório da contadora Meire Poza mostram que a Empreiteira Rigidez, de Youssef, foi contratada mesmo sem ter know how para o serviço. Dados do Ministério do Trabalho atestam que a empresa nem sequer possui funcionários.
Deflagrada em março, a Operação Lava-Jato já tinha identificado o trânsito de recursos das empreiteiras e outros fornecedores da Petrobras por contas da MO Consultoria e da GFD Investimentos, também de Youssef. Somente em 30 de julho deste ano, porém, a PF recolheu no escritório da contadora provas de que mais empresas atuavam sob controle do doleiro, como a Rigidez. Consórcios liderados por Queiroz Galvão e Engevix; Coesa, subsidiária da OAS; e Sanko Sider, subcontratada pela Camargo Corrêa para obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, fizeram negócios com a construtora de fachada.
As obras da estatal passaram a ser alvo dos investigadores com a constatação da relação entre Youssef e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que está preso no Paraná e em processo de delação premiada no qual já citou políticos e grandes empresas como integrantes do esquema de desvios de recursos.
O Consórcio Ipojuca, formado por Queiroz Galvão e Iesa Oléo e Gás, tem um contrato de R$ 2,7 bilhões para obras da refinaria Abreu e Lima. O consórcio é um dos "clientes" da Rigidez. Notas fiscais encontradas no escritório da contadora mostram que o grupo repassou ao menos R$ 1,3 milhão para a Rigidez entre os meses de dezembro de 2010 e novembro de 2011 a título de "prestação de serviços de consultoria". A PF encontrou, ainda, um termo de distrato entre as duas empresas que menciona o encerramento de um acordo fixando um valor para pagamento de R$ 321 mil em dezembro de 2010. Esse termo diz que o acordo com a Rigidez se referia a um contrato do consórcio Ipojuca com a Petrobras.
No caso do Consórcio URC, liderado pela Engevix com a Niplan e NM, a vinculação com a Petrobras é direta. A empreiteira ligada a Youssef foi supostamente contratada para dar apoio ao grupo e coordenar a análise de documentações relativas ao contrato feito com a estatal para modernização da refinaria de Presidente Bernardes, em Cubatão (SO). A Rigidez recebeu R$ 4,8 milhões, o equivalente a 1% do contrato feito pela estatal com o consórcio das empreiteiras.
A correlação de repasses de recursos para a Rigidez com obras da Petrobras acontece também no caso da Sanko-Sider, construtora subcontratada pelo Consórcio CNCC (Camargo Corrêa e Cnec). A Sanko-Sider contratou a Rigidez em julho de 2011, por R$ 2,3 milhões, para "serviços específicos de consultoria técnica, visando a elaboração de pleito e reestudos e adequação do cronograma de entrega do contrato assinado com Consórcio Camargo Corrêa-CNEC (CNCC)". O consórcio foi formado para realizar obras da refinaria Abreu e Lima e tem um contrato de R$ 3,4 bilhões com a Petrobras, que, com aditivos, já chegou a R$ 3,8 bilhões. Nos documentos apreendidos pela PF, há uma nota fiscal emitida pela Rigidez que indica outro repasse de R$ 935 mil pela Sanko-Sider a título de consultoria.
A Coesa, do grupo OAS Empreendimentos, também repassou recursos para a Rigidez. Pagou R$ 650 mil para receber da construtora que não tem funcionários "consultoria técnica para obras do setor civil", e projetos para viabilizar a implantação de projetos no interior paulista. O Consórcio Viário São Bernardo, composto por Coesa e Concremat, pagou R$ 1 milhão para a mesma Rigidez por serviço de consultoria.
A Sanko Sider afirmou que a lisura de sua atividade será comprovada no processo. "A Sanko-Sider atua com reconhecida responsabilidade e ética há 18 anos nesse mercado e repudia veementemente qualquer afirmação, seja de quem for, que tente associá-la a atos e atividades com as quais não tem nenhuma relação". A Engevix não quis se manifestar. O consórcio Ipojuca e o grupo OAS não responderam aos questionamentos.
EMPRESA FORMADA POR LARANJAS
A Empreiteira Rigidez é uma empresa formada por laranjas. Andrea dos Anjos Bastião, de 40 anos, é uma das sócias. Moradora do bairro do Jaçanã, na zona norte de São Paulo, ela estudou até o segundo grau e teria recebido de Waldomiro de Oliveira a oferta de assinar como sócia da empresa. Recebia mesada em troca e os pagamentos teriam sido feitos até o começo desde ano, antes da Operação Lava Jato.
No endereço, um homem que se apresentou como marido dela afirmou que os pagamentos não passavam de mil reais por mês e que sua mulher só aceitou a proposta porque o barraco onde moravam ameaçava ser soterrado por um deslizamento de terra. Hoje, a casa de três pavimentos, inacabada, é de alvenaria. O endereço apontado como sendo a residência de outra sócia, Soraia Lima da Silva, inexiste.
No endereço da empreiteira, na Rua Dr.Rafael de Barros, o porteiro informa que Waldomiro Oliveira e Denisvaldo de Almeida mudaram-se do local há cerca de três anos. Em fevereiro passado, o oficial de Justiça que tentou citar os representantes da empresa voltou de mãos vazias. O endereço que aparece como residência de Almeida é uma sala num antigo prédio comercial no centro de São Paulo, que permanece fechada.
Waldomiro de Oliveira era um intermediário na contratação de laranjas para emprestar seus nomes a empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. Foi ele, por exemplo, que aproximou do doleiro dos irmãos Leonardo Meirelles e Leandro Meirelles, que se apresentam como donos da Labogen, a empresa do setor farmacêutico usada para fazer remessas ilegais para o exterior. Enquanto a Labogen era usada para enviar dinheiro para ilegalmente para fora, a Empreiteira Rigidez servia também para fazer pagamentos em dinheiro vivo no Brasil. A Rigidez apresenta em sua movimentação financeira diversos saques em espécie.
Empreiteiras citadas
- Mendes Júnior
- Grupo OAS
- Consórcio Ipojuca (Queiroz Galvão/Iesa)
- Consórcio URC (Engevix/Niplan/NM)
- Sanko Sider
Empresas controladas por Youssef
- MO Consultoria
- GFD Investimentos
- RCI Software
- Empreiteira Rigidez
- Marsans
Crimes sob investigação
Lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro, organização criminosa, formação de quadrilha, evasão de divisas e ocultação de provas
Petrobras
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, tinha "negócios" com Alberto Youssef.
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