O comando do PSB decidiu indicar o deputado gaúcho Beto Albuquerque,
de 51 anos, para a vice na chapa que será encabeçada pela ex-senadora
Marina Silva à Presidência da República. A decisão será oficializada na
reunião da Executiva Nacional da sigla, agendada para esta quarta-feira,
em Brasília. No encontro, o PSB também formalizará a indicação de
Marina como substituta de Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na
semana passada.
“O que será apresentado amanhã para a Executiva é Marina para
presidente e Beto para vice”, disse o secretário-geral do PSB, Carlos
Siqueira.
O nome de Beto Albuquerque era apontado como favorito desde as
primeiras conversas – ele só não seria escolhido se Renata Campos, viúva
do ex-governador, aceitasse o posto. Para a cúpula do PSB, o deputado
preenche os principais requisitos para a vaga: era braço direito de
Campos, tem boa relação com a ex-senadora e é apontado como um nome
orgânico do partido – está filiado ao PSB desde 1986.
Renata Campos chegou a ser procurada pelos socialistas, mas recusou a
proposta porque quer priorizar sua família neste momento – o filho mais
novo, Miguel, tem seis meses.
Albuquerque aproximou-se de Marina Silva em outubro do ano passado,
quando o quase partido da ex-senadora, a Rede Sustentabilidade, teve o
registro negado pela Justiça Eleitoral. O deputado acompanhou as
primeiras negociações ao lado de Campos e concordou que a aliança com a
ex-senadora daria respaldo ao projeto do pernambucano.
Gaúcho de Passo Fundo, Albuquerque está em seu quarto mandato na
Câmara e tentaria, neste ano, uma vaga ao Senado. A candidatura,
entretanto, não decolou até agora – ele aparece em terceiro lugar nas
pesquisas –, o que facilitou para que ele abrisse mão da disputa.
Assim como Campos e Marina, Beto Albuquerque orbitou os governos
petistas. Na Câmara, foi vice-líder do ex-presidente Lula. À época, Beto
era porta-voz de Lula sobre temas espinhosos, como o mensalão e a CPI
dos Correios. Também foi o socialista quem anunciou a assinatura da
medida provisória que autorizaria o plantio de soja transgênica na safra
2004/2005. Ministra do Meio Ambiente Marina Silva foi uma das
principais oponentes ao projeto. Agora, uma de suas tarefas será
justamente ser mediador de temas sensíveis, como os conflitos entre os
ambientalistas “marineiros” e setores ligados ao agronegócio aos quais
Campos se aproximou para fazer alianças nos estados.
No desembarque do governo petista, Beto Albuquerque assumiu a linha
de frente do partido no Congresso Nacional, tornando-se um dos
principais articuladores da campanha de Eduardo Campos. Na campanha,
também assumiu posição mais combativa, principalmente em relação ao PT.
Quando representantes do partido chamaram o pernambucano de “tolo” e
“playboy mimado”, coube ao parlamentar gaúcho assumir a reação: anunciou
que o partido, até então em posição de independência, passaria a ser
oposição no Congresso Nacional.
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